Uma jornada repleta de momentos incríveis e capaz de transformar vidas. Esta é a definição de Isabel Cristina do Rosário, de 18 anos, para a primeira experiência vivida no Família Acolhedora (SFA), serviço da Secretaria Municipal de Assistência Social de Nova Iguaçu (SEMAS) que completa quatro anos nesta segunda-feira, 5 de setembro. Foi ela a responsável por convencer a mãe, a professora da rede municipal Ana Cristina Soares do Rosário, de 47 anos, a aderir ao serviço de acolhimento às crianças e adolescentes afastados judicialmente de suas famílias de origem e que necessitam de um lar temporário.
Mãe e filha procuraram o SFA em 2019 e, após passarem por um rigoroso processo de capacitação, foram habilitadas para o acolhimento. E o primeiro deles veio em outubro de 2020 e foi em dose dupla. Durante quase dois anos elas deram abrigo, amor, carinho e tudo o que uma criança tem direito aos irmãos Miguel e Wescley, hoje com 8 e 10 anos, respectivamente.
Quem vê os meninos, sempre com largo sorriso no rosto e felizes, não imagina o passado que ambos carregam na bagagem da vida. “A família de origem era de uma situação social bem precária e as crianças viviam em um ambiente de muita violência. Miguel chegou a ser hospitalizado por 15 dias e quase não resistiu. Quando chegou aqui, ele não falava. Hoje ele fala e até nos surpreende com seu vocabulário. Já o Wescley, que tem nanismo, tinha um bloqueio muito grande, não se achava querido pelas pessoas e agora tem o nosso carinho e afeto”, conta Ana Cristina.
Nos últimos meses, Miguel e Wescley passaram por um processo de transição e, no dia 14 de julho, deixaram o Família Acolhedora. Mas o motivo foi dos melhores: uma nova família os recebeu, desta vez em definitivo. Um diário de memórias guarda o registro de vários momentos felizes vividos dos quase dois anos em que os meninos viveram junto à Família Rosário.
“Foi uma experiência de tirar o fôlego. Vivemos momentos tão incríveis que eu acho que a nossa vida e a vida dos meninos nunca mais vai ser a mesma. A nossa principalmente, pois não vamos sair do serviço. Acredito que as próximas crianças acolhidas por nós vão trazer novas experiências que irão modificar mais ainda nossas vidas”, celebra Isabel.
Serviço não é adoção e sim doação
Lançado pela Prefeitura de Nova Iguaçu em 2018, o Serviço Família Acolhedora (SFA) é uma alternativa para os abrigos. Atualmente cerca de 50 meninos e meninas estão em acolhimento institucional no município. Por isso, o SFA segue cadastrando famílias que queiram abrir as portas de seus lares.
Segundo a coordenadora do Família Acolhedora, Viviane Cordeiro Marques, a grande vantagem do serviço é poder proporcionar à criança e ao adolescente um lar. “Eles são retirados do lar de origem e ao invés de irem para uma instituição, vão para um lar onde poderão ser tratados de forma individualizada e ter rotinas básicas de uma criança em família, como ir passear no shopping ou ir à praia”, esclarece Viviane, revelando que o grande ganho do serviço é o afeto. “Sem ele, a criança não se desenvolve de forma saudável. Quer doar amor a quem precisa, procure o nosso serviço. É muito importante que as famílias se cadastrem”.
Viviane explica que o serviço busca compreender por quais razões a criança ou adolescente é afastado judicialmente da família de origem e tenta sua reinserção neste lar até que todas as possibilidades sejam esgotadas. Em último caso, ele é direcionado para a adoção. Por isso, as famílias cadastradas no Família Acolhedora assinam um termo de não interesse pela adoção.
“A família que acolhe é um braço do nosso serviço e trabalha junto com nossa equipe técnica composta por psicólogos e assistentes sociais em prol da reinserção da criança na família de origem. Então, se a família pensa em adotar, ela não irá cooperar conosco, pois iria rivalizar com a família de origem da criança. Por isso que nossos cadastrados assinam um termo de não interesse”, esclarece Viviane.
Como aderir
Para fazer parte do Família Acolhedora, é preciso morar em Nova Iguaçu há pelo menos dois anos, ter moradia que atenda às necessidades básicas da criança, entre outros requisitos. Também é fundamental que todos os membros da família estejam de acordo com a inserção no serviço. Desta forma, elas serão submetidas a exame psicossocial e irão passar por processo de capacitação para que tenham condições de acolher as crianças afastadas dos lares de origem.
Os interessados em se cadastrar podem procurar a sede do serviço, localizada na Rua Teresinha Pinto, 297, 4° andar, no Centro. Também é possível entrar em contato pelo telefone ou pelo e-mail .