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‘Não me sinto seguro’: brasileiro relata tensão em Israel

Pessoas em um telhado observam uma bola de fogo e fumaça subindo acima de um edifício na Cidade de Gaza MAHMUD HAMS / AFP

O escritor Gabriel Paciornik, de 45 anos, estava na casa onde vive com a família, ao norte de Tel Aviv, quando ouviu as sirenes, um som que faz parte da rotina de Israel, mas que dessa vez anunciava um ataque sem precedentes do Hamas. Agora, após o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, declarar que o país está em guerra, o clima é de tensão e medo.

“Não me sinto seguro”, diz o brasileiro, que há quase 20 anos migrou para estudar em Israel e fez a vida lá. Como o prédio onde vive com a família não tem bunker, elea8 ss correram para escada junto com os vizinhos, ainda sem entender o que estava acontecendo. “Fomos pegos completamente de surpresa, achamos até que poderia ser uma falha no sistema. Estamos acostumados com as sirenes; a novidade foi o nível do ataque.”

A empresa na qual Gabriel trabalha já avisou que o escritório vai ficar fechado e as aulas dos dois filhos foram canceladas. No celular, as mensagens que não param de chegar pedem doações de sangue e ajuda para encontrar pessoas desaparecidas. “Um ataque dessa escala é completamente fora da curva; é muito complicado, sabemos que vai piorar nos próximos dias”, lamenta o escritor. Apesar do medo, Gabriel não considera deixar Israel. “Já moro aqui há muitos anos, toda minha vida está aqui”, afirma.

O gerente de vendas Yanai Gilboa, 59, vive em um kibutz (comunidade em hebraico) brasileiro a apenas 7 quilômetros da fronteira com a Faixa de Gaza e também não pretende sair de lá. “Eu moro aqui, acho que esse é um dos lugares mais lindos do mundo, na maior parte do tempo é tranquilo aqui, mas hoje é um dia muito triste”, diz.

Filho de mãe paulista e pai gaúcho, ele relata o sentimento de indignação. “Dizem que Deus é brasileiro, então talvez por isso os ataques não tenham atingido o nosso kibutz, mas todos nós conhecemos alguém que foi morto ou sequestrado. Os terroristas fizeram um massacre”, disse ele.

Assim como Gabriel, ele tem e que os próximos dias sejam ainda piores com a retaliação de Israel em curso e a escalada do conflito. “Eles começaram essa guerra e ninguém sabe como vai acabar, em que condições, quantas mais pessoas vão perder a vida”, questiona.