O CIDADÃO RJ

Talentoso, bonito e extremamente sedutor, Luiz Carlos Vasconcelos faz 70 anos

Foto/Reprodução.

O ator paraibano Luiz Carlos Vasconcelos está fazendo 70 anos nesta terça-feira, 25 de junho de 2024.

Ele veio da mesma Umbuzeiro onde nasceram João Pessoa, Epitácio Pessoa e Assis Chateaubriand e começou a se projetar na capital, fazendo teatro e circo a partir de meados da década de 1970.

Conheço Luiz Carlos de perto há quase 50 anos. Sempre ostentou talento, beleza e um extraordinário poder de sedução. São marcas do homem e do grande artista que há nele.

Lembro do dia em que ele e Everaldo Pontes fizeram nascer a Escola Piollin. Ouvi a história contada horas depois por Everaldo, outro ator notável da geração de Luiz Carlos.

Os dois, literalmente, invadiram e ocuparam uma área do convento de Santo Antônio, por trás da Igreja de São Francisco, no centro histórico da capital da Paraíba.

“Estava abandonado” – disseram, justificando a invasão. E era verdade: estava abandonado.

Ali, com entrada por um grande portão que dava para o bairro do Róger, surgiu a Escola Piollin. É o primeiro grande feito da trajetória de Luiz Carlos Vasconcelos.

Quem frequentou a Piollin nos seus primeiros anos sabe a importância que aquele espaço teve na vida cultural de João Pessoa, onde havia teatro, música, cinema e formação de atores e atrizes.

Os cursos infantis de teatro trouxeram para João Pessoa Eliézer Rolim, Marcélia Cartaxo e os irmãos Lira. Eram meninas e meninos de Cajazeiras. Fizeram a gente chorar de emoção no espetáculo Os Pirralhos.

Os problemas não tardaram a começar. A Igreja queria o espaço de volta, mas a Piollin já era grande demais. Foi aí que entrou em cena o extraordinário poder de sedução de Luiz Carlos.

Em Brasília, ele convenceu o ministro da Educação do presidente Figueiredo, o intelectual Eduardo Portella, de que a Piollin não poderia deixar de existir. E Portella, que era um homem de muita sensibilidade, cedeu aos argumentos de Luiz Carlos.

A Piollin perdeu seu espaço original, mas ganhou o casarão onde funciona até hoje, ao lado do Parque Arruda Câmara.

Foi ali que nasceu Vau da Sarapalha. Duvido qe haja algo tão importante quanto Vau da Sarapalha na história do teatro paraibano.

Vau da Sarapalha é o segundo maior feito da trajetória de Luiz Carlos Vasconcelos e a maior expressão do seu talento. Sim, eu sei, tem Everaldo Pontes, Nanego Lira, Soia Lira, Servillio Gomes e Escurinho – todos excepcionalmente brilhantes em cena.

Mas Vau da Sarapalha é Luiz Carlos Vasconcelos. É tudo Luiz Carlos, desde a ideia de adaptar para o teatro o conto de Guimarães Rosa. Adaptação, direção, cenografia, luz. É tudo Luiz Carlos.

Vi Vau da Sarapalha várias vezes. Uma experiência avassaladora. Um negócio que nasce numa escola de teatro de uma cidade do Nordeste e alcança não o Brasil, mas o mundo.

Vau da Sarapalha era tão inacreditavelmente espetacular que deixou “de quatro” Barbara Heliodora, que traduzia Shakespeare e era tão brilhante quanto chata fazendo crítica de teatro.

Na vida de Luiz Carlos, muito antes do cinema e da televisão que lhe deram visibilidade nacional, há o teatro e há também o circo.

Logo cedo, ele criou um personagem que é figura essencial em sua biografia: o palhaço Xuxu. Luiz Carlos feito Xuxu interagindo com a criançada numa rua qualquer de um lugar qualquer. Não tem preço.

O palhaço Xuxu, o palco, a Piollin, as aulas de teatro, a luta pela manutenção da escola, Vau da Sarapalha, o cinema, o Lampião de Baile Perfumado, o Drauzio Varella de Carandiru, as novelas de televisão.

É tudo Luiz Carlos Vasconcelos. Esse grande paraibano está fazendo 70 anos. Ele nos orgulha. Viva Luiz Carlos!

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