O presidente Lula foi a São Paulo visitar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. FHC fez 93 anos na semana passada, no dia 18 de junho.
Ricardo Stuckert, o fotógrafo da Presidência da República que acompanha Lula, registrou o encontro. A imagem dá conta de um momento que diz muito da nossa vida democrática.
Em 1978, quando o sociólogo Fernando Henrique Cardoso entrou para a política partidária, o sindicalista Lula apoiou sua candidatura a senador por São Paulo.
No início dos anos 1980, estavam em trincheiras distintas. Lula, na fundação do PT. Fernando Henrique, no PMDB do Dr. Ulysses. Voltariam a se encontrar nos palanques da campanha das Diretas Já.
Na década de 1990, no PSDB, Fernando Henrique, em primeiro turno, derrotou Lula nas eleições presidenciais de 1994 e 1998.
Em 2002, o sociólogo que se tornou presidente foi sucedido pelo primeiro operário que chegou à Presidência.
O PSDB nasceu de uma dissidência do PMDB. O PSDB se pretendia um refinamento do PMDB. Com o tempo, o partido sofreu um processo de direitização.
Ao longo dos anos, Lula e FHC divergiram mais do que convergiram. Mas os dois, com seus partidos em posições opostas, representaram uma disputa que não fez ao Brasil o mal que faz a polarização que temos hoje, depois que Jair Bolsonaro foi eleito presidente.
Lula de um lado, FHC do outro. O PT numa ponta, o PSDB na outra. A disputa entre os dois grupos dignificava o jogo político numa democracia em reconstrução depois de 21 anos de ditadura militar.
Mais do que um político, FHC é um homem que pensa o Brasil. Não é justo enquadrá-lo na direita. Como Lula, ele é construtor da democracia. No poder, foi estadista. Fora dele, tem a postura que um ex-presidente deve ter.
A imagem de Lula e FHC juntos é um alento nesse Brasil completamente cindido de 2024. Lula sabe que FHC é um grande brasileiro.