A campanha eleitoral em João Pessoa teve hoje um fato atípico. Três dos principais candidatos, Luciano Cartaxo (PT), Marcelo Queiroga (PL) e Ruy Carneiro (Podemos), participaram de uma coletiva para repudiar a tentativa de interferência de facções e grupos criminosos no pleito eleitoral deste ano.
Os três foram ao TRE solicitar a convocação de tropas federais, já aprovadas para as cidades de Bayeux e Cabedelo – por um mesmo motivo: a atuação das facções. Eles também pediram a retirada do sigilo das investigações.
Por um momento Cartaxo, Queiroga e Ruy esqueceram que disputam entre si, conforme a Quaest, em empate técnico. O ato colocou na mesma mesa concorrentes de partidos bem diferentes. Sobretudo no caso de Queiroga, do PL, e Cartaxo, do PT.
Ideologicamente diferentes, os dois decidiram se unir diante de uma temática comum. E acertaram ao fazer isso.
É que o envolvimento dessas facções com os processos eleitorais na Paraíba não é novidade. Em outras eleições tivemos também relatos e indícios isolados. Este ano, contudo, a situação é bem mais grave. Pelo menos duas operações da Polícia Federal já sinalizaram para a necessidade de apurar essas relações e o aparelhamento desses grupos.
Uma delas investigando a indicação de cargos. A outra, ontem, apurando o aliciamento de eleitores.
Embora seja antigo, o tema precisa ser enfrentado. Independente dos envolvidos e das campanhas em disputa. O controle do tráfico nas comunidades, longe dos períodos de campanha, já é uma realidade que merece a preocupação dos agentes públicos.
Essas intervenções nas campanhas, registre-se, são ainda mais preocupantes. Elas, caso concretizadas, colocam em risco a livre escolha dos eleitores e a democracia.
É uma pauta que precisa unir todas as campanhas e candidatos, sejam eles de direita, centrão ou de esquerda. Hoje, na campanha, e depois dela.
Em tempo
Em nota, a campanha do candidato Cícero Lucena (PP) afirmou que respeitará a decisão da Justiça Eleitoral sobre o pedido de tropas.
“Mais uma vez nossos adversários tentam manchar minha imagem e, pior, a imagem da nossa cidade. João Pessoa é morada de um povo pacífico e ordeiro, uma terra de gente de bem, onde todas as eleições sempre foram tranquilas. Lamento profundamente que, em vez de debater propostas para o futuro de nossa cidade, nossos adversários tenham se unido para um festival de preconceito, mentiras e ataques às instituições”, diz a nota.
“É fundamental esclarecer que a competência sobre a vinda de tropas especiais cabe à Justiça Eleitoral, e não aos candidatos, e eu respeito a autonomia do TRE”, complementa.