A lista de fascistas foi atualizada na eleição de 2024 e ficou mais longa com a campanha para às prefeituras municipais em todo o Brasil. É que, a cada 2 anos, em tempos de eleição, o termo volta a ser utilizado indiscriminadamente. Como forma de xingamento, simplesmente, sem base no seu conceito original. Isso empobrece e radicaliza ainda mais a polarização.
Segundo os historiadores e a História, o fascismo foi um movimento político que surgiu na Itália, no século XX e se espalhou por outros países, caracterizado por um crescente nacionalismo, forte presença do Estado na vida e no cotidiano dos cidadãos e autoritarismo. Provocou muitas atrocidades no passado.
Hoje, porém, qualquer um pode ser chamado de fascista, mesmo que não tenha qualquer inspiração ou ligação com o movimento autoritário do século passado. A atual ministra do Meio Ambiente do Governo Federal, Marina Silva, por exemplo, já foi acusada de promover o fascismo, quando concorreu à presidência da República em 2014.
Quando Marina foi candidata à Presidência, sofreu diversos ataques virtuais e também no guia eleitoral no rádio e na TV. Na boca miúda, se dizia que ela queria acabar com o bolsa família, era amiga dos banqueiros e, claro, alguém que trabalhava em prol do fascismo. Na época, eu era estudante na UFPB e lembro de ter escutado isso por lá, também. Na internet, aliás, ainda é possível encontrar textos daquela época, com essa acusação.
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, também já integrou a lista dos acusados de fascistas no Brasil. Ele foi adversário do presidente Lula por muitos anos. Dentre as críticas que recebeu, algumas até podem ser consideradas legítimas, relacionadas à agenda liberal e de privatizações, dentro do debate eleitoral.
Em 2018, porém, o atual vice-presidente foi acusado de ser “mais fascista do que Bolsonaro”. Foi uma acusação do Partido da Causa Operária, o PCO. O vice-presidente era chamado de “picolé de chuchu” e foi acusado de se igualar a Bolsonaro no fascismo. É só clicar neste link para ler.
Claro que Alckmin recebeu as “anistia” da militância e saiu da famigerada lista ao se filiar ao PSB, em 2022, para disputar a vice-presidência da República. Sabe-se lá até quando ele estará isento de receber tal alcunha, mais uma vez, de seus críticos. Estando ou não no governo, Alckmin e Marina nunca foram autoritários, tampouco fascistas. Mas estavam no lado “errado”, para alguns.
A lista de “fascistas”, elaborada pelos “progressistas”, é longa. Também já constaram nela os nomes de FHC, José Serra, Aécio Neves, Michel Temer e, mais recentemente, de Jair Bolsonaro, devido ao acirramenteo nacional e, em tese, à postura dele no Governo. Esse último, até o momento, é quem encabeça a lista, mesmo estando inelegível para disputar as próximas eleições presidenciais. E nas eleições de 2024, é claro, a lista continuou a aumentar pelo Brasil. Por imposição.
É claro que o uso indiscriminado do termo fascista é inapropriado, está errado. No fundo, beira uma acusação criminosa. Rebaixa a discussão política e serve de anteparo para esconder as reais intenções de alguns discursos ou de alianças políticas. É possível e válida a crítica pontual a algumas posturas, mas não generalizações falsas. “Todos contra o fascismo” é uma justificativa fácil de ser elaborada.
A crítica, antes que me perguntem, também vale para o outro lado do espectro político, para a direita, quando chama de “comunistas” todo e qualquer oponente que têm uma visão diferente do modelo conservador. Afinal, o muro de Berlim caiu há décadas, a URSS faliu, assim como o velho comunismo. O que existe, apenas, é uma saudade inatingível por aquele modelo ultrapassado. Que não se pode concretizar mediante o funcionamento real do mundo.
Mas, enquanto o termo ‘comunista!’ dominou os xingamentos em 2022, nesta eleição parece-me que é o grito de ‘fascista!’ que, novamente, se tornou o mais visível e utilizado em algumas campanhas e nas redes sociais. Quem será o próximo a integrar a lista?