SPDH está presente em cerca de 4 mil hectares de hortas catarinenses (Foto: Divulgação / Epagri)
Em 1972 a propriedade de Herbert Bartz, em Rolândia, no Paraná iniciou uma experiência agrícola que se tornou referência no mundo inteiro: o plantio direto. O experimento, que começou com 200 hectares de soja, alcançou bons resultados, e o sistema foi sendo difundido Brasil afora. Hoje o plantio direto ocupa mais de 33 milhões de hectares no território nacional, considerando apenas culturas anuais.
Para marcar esse feito, uma lei instituiu, em 2023, o Dia Nacional do Plantio Direto, comemorado em 23 de outubro. Em São Miguel do Oeste a data vai ser lembrada na terça-feira, 22, na Câmara Técnica do Comitê de Gerenciamento da Bacia Hidrográfica do Rio das Antas, Bacias Hidrográficas Contíguas e Afluentes Catarinenses do Rio Peperi-guaçu. O ato comemorativo está sob a responsabilidade de Clístenes Antônio Guadagnin, extensionista da Epagri.
Epagri é pioneira em SPDH
Ele conta que, em Santa Catarina, o Sistema Plantio Direto é uma das práticas sustentáveis que recebem atenção da Epagri, tanto na pesquisa como na extensão. “A Empresa apoia as iniciativas para implantação do plantio direto em lavouras catarinenses desde a década de 1980 e é pioneira no desenvolvimento do Sistema Plantio Direto de Hortaliças (SPDH)”, relata. Santa Catarina conta com cerca de 4 mil hectares de hortas conduzidas nesse sistema. A meta da Epagri é que até 2030 toda a produção catarinense de hortaliças seja proveniente de SPDH.
Clístenes detalha que o Plantio Direto é um sistema de produção agrícola conservacionista regido por três princípios: mínimo revolvimento do solo; manutenção permanente de cobertura no solo (viva e morta); rotação e diversificação de culturas, incluindo o uso das plantas de cobertura, também conhecidas como adubos verdes.
Resultado de trabalho conjunto
“O SPDH é resultado do trabalho conjunto de equipes de pesquisa e extensão rural da Epagri com agricultores familiares de várias regiões do estado”, explica o extensionista. Difundido como uma transição da agricultura convencional para a agroecológica, ele permite reduzir o uso de agrotóxicos e adubos altamente solúveis até eliminá-los das lavouras. “As bases fundamentais e as tecnologias geradas por esse sistema já alcançam o território nacional e até mesmo algumas experiências internacionais”, comemora o extensionista.
O SPDH prevê uma série de práticas conservacionistas. A principal delas é a proteção permanente do solo com palhada, utilizando plantas de cobertura para formar biomassa. Essas plantas, também chamadas de adubos verdes, servem para melhorar a biologia e fertilidade do solo, além de proteger esse recurso natural, já que ele fica sempre coberto.
A cobertura vegetal ajuda a reduzir o surgimento de plantas espontâneas, combater a ocorrência de pragas e doenças e diminuir o uso de adubos químicos e agrotóxicos. Além das plantas de cobertura, também permanecem na área de plantio os restos vegetais de culturas anteriores. O revolvimento do solo é restrito à linha de plantio e, nessa área, o agricultor deve praticar rotação de culturas.
Reconhecimento pela FAO
No ano 2000 o modelo de agricultura brasileira baseado no Sistema Plantio Direto foi reconhecido e indicado pela Organização das nações Unidas para a Alimentação e Agricultura FAO como modelo a ser seguido pelo mundo. Isto devido à sua significativa importância no cuidado, na conservação do solo e sua vida, sendo possível ser utilizado por todos tamanhos de propriedades rurais, culturas agrícolas e sistemas integrados. O Sistema foi chamado de Agricultura Conservacionista pela FAO.
O Dia Nacional do Plantio Direto em 2024 vai reunir iniciativas em prol da agricultura sustentável em todo o território nacional. A ação é fomentada pela Federação Brasileira do Sistema Plantio Direto (FEBRAPDP), em parceria com a Sociedade Brasileira de Ciência do Solo (SBCS). Estão sendo conclamadas instituições, entidades, empresas ou mesmo produtores ligados à proposta de agricultura ambientalmente responsável e produtiva. O objetivo é de que durante o mês de outubro, eles promovam em suas regiões eventos e atividades que suscitem a divulgação, promoção e consolidação do Sistema Plantio Direto.