Resistência a medicamentos é debatida e reforça alerta sobre os perigos da automedicação

OMS elegeu o problema como uma das dez maiores ameaças à saúde pública global e evento da SES discute formas de estabelecer medidas de controle

A SES (Secretaria de Estado de Saúde), por meio as Superintendência de Vigilância em Saúde, realizou na terça-feira (3) o Encontro Estadual de Controle de Infecção Associada à Assistência à Saúde, onde foram debatidas estratégias de prevenção e controle das infecções relacionadas à assistência à saúde, com objetivo de proporcionar um cuidado mais seguro, eficiente e com desfechos clínicos mais favoráveis.

O aumento da disseminação de agentes multirresistentes é uma preocupação das instituições de saúde, pois elas causam infecções que não respondem aos medicamentos disponíveis. Ações combinadas entre as esferas federal, estadual e municipal, além das atividades dos serviços de saúde, são fatores determinantes para um combate mais assertivo.

A gerente de Serviços de Saúde, da Coordenadoria de Vigilância Sanitária, Aline Schio, ressalta a importância do encontro sobre instituir mecanismos para diminuir o avanço da multirresistência.

Andyane Tetila, infectologista e presidente da Sociedade Sul-Mato-Grossense de Infectologia.

“Esse encontro ele visa a atualização dos profissionais de saúde em relação às práticas do controle de infecção. Estamos debatendo a respeito de agentes emergentes, resistência antimicrobiana e dos agentes mais prevalentes agora no Brasil e no mundo. Isso vem consolidar a questão da importância de estabelecer medidas preventivas de controle de infecção para nós termos desfechos mais favoráveis aos nossos pacientes”, disse gerente de Serviços de Saúde.

Presidente da Sociedade Sul-Mato-Grossense de Infectologia, a infectologista Andyane Tetila, alerta que o uso incorreto de medicamentos tem causado o aumento da resistência das bactérias aos antibióticos disponíveis hoje no mercado.

“As infecções têm ficado vez mais difíceis de tratar por conta dessa resistência bacteriana que nós chamamos. Isso acontece por conta do uso abusivo de antimicrobianos, tanto pela população em geral, quanto pelos prescritores. Temos que ter muito cuidado no uso desses medicamentos, saber o que são e diferenciar o que é um anti-inflamatório de um antibiótico”, afirma a Andyane Tetila.

Analgésicos

A infectologista também chama a atenção sobre o uso indiscriminado de analgésicos e anti-inflamatórios, por conta do fácil acesso que a população tem a esses medicamentos. “O uso inadequado, quando se mistura vários remédios e não ministrados na posologia prescrita, com doses baixas ou elevadas, podem fazer mais mal para saúde do que bem. É necessário estabelecer uma consciência na sociedade sobre a importância do uso racional de medicamentos, que remédio é coisa séria e não deve ser utilizado sem uma avaliação e prescrição” enfatiza

Dados da Organização Mundial da Saúde elegeu a resistência microbiana como uma das dez maiores ameaças à saúde pública global. Estima-se que até 2050 o problema causará, anualmente, a perda de 10 milhões de vidas em todo o mundo, além de um prejuízo econômico de 100 trilhões de dólares.

Helton Davis, Comunicação SES