A Prefeitura de Macaé recebeu, através de um termo de doação de bens culturais, a íntegra do processo penal que condenou o fazendeiro Mota Coqueiro à morte em 1855. O emblemático caso é considerado o mais trágico erro judiciário da história do Brasil. Pelo fato de um homem inocente ter sido condenado à morte, o imperador Pedro II decidiu que dali em diante ninguém mais seria enforcado no Brasil, extinguindo a pena de morte no país.
O documento foi entregue pelo jornalista e escritor Carlos Marchi, autor do livro “Fera de Macabu: a História e o Romance de um condenado à morte”, à Secretária Municipal de Cultura, Waleska Freire, na tarde desta quarta-feira (14), no Solar dos Mellos – Museu da Cidade, dentro da programação da 23ª Semana Nacional de Museus. Carlos Marchi nasceu em Quissamã, quando a cidade ainda era distrito de Macaé, e atualmente mora no bairro Higienópolis, em São Paulo.
O processo tem, ao todo, 996 páginas transcritas. E também teve a tradução paleográfica, que consiste em decifrar documentos manuscritos através no estudo da escrita antiga, transcrevendo a caligrafia incompreensível para a grafia atual, possibilitando o acesso à informação contida na documentação. O material doado destina-se à preservação, pesquisa, exposição e divulgação no âmbito das atividades culturais, educativas e institucionais do Solar dos Mellos.
“É com muita alegria que recebemos esse macaense ícone do jornalismo do país, que tem uma ligação histórica com o município de Macaé. Esses documentos são únicos no mundo. Através deles podemos pesquisar e cumprir o papel que esse museu tem, que é da preservação da memória dessa cidade”, disse a Secretária Municipal de Cultura, Waleska Freire.
“O museu é um diálogo entre o passado e o futuro. Por isso é importante que busquemos nossas referências através deles. Os pequenos museus vão atrair mais visitantes com as histórias locais e regionais. E as histórias de Macaé são riquíssimas, são mágicas”, afirmou Carlos Marchi, que ministrou uma palestra assistida por alunos do Colégio Estadual Luiz Reid, em cujo terreno existia a antiga Praça da Luz, justamente onde Mota Coqueiro foi enforcado.