Fotos: Rose Campos/Secom
A Prefeitura de Sorocaba, por meio da Secretaria da Mulher (Semul), realizou, na tarde desta quinta-feira (17), a quarta edição do “Chá das Rosas”. A reunião tem o intuito de proporcionar às convidadas, que são pacientes oncológicas, informações, orientações e, principalmente, acolhimento a essas pessoas que passam ou já superaram os desafios do tratamento contra o câncer. Palestras e roda de conversa fazem parte da atividade, além de oferecer ações de cuidado e beleza, como massagem, spa dos pés e maquiagem, contribuindo para a elevação da autoestima dessas mulheres. O primeiro encontro aconteceu em abril, dando início à ação mensal. As participantes, mais uma vez, foram recebidas com um chá da tarde e as boas-vindas da equipe da Secretaria da Mulher.
“Sabemos que essas mulheres passam por momentos e situações muito difíceis na vida, lutando contra uma doença que pode ser muito debilitante e abalar a autoconfiança de qualquer um. Nosso objetivo, portanto, é mostrar que elas não estão sozinhas, nos colocar lado a lado delas nesse enfrentamento, sempre com muito carinho e apoio”, disse a chefe de Divisão de Desenvolvimento de Políticas para a Mulher da Semul, Juliana Rocha, que recepcionou o grupo nesta edição.
Silnete Sena Pereira participou pela primeira vez do Chá das Rosas, acompanhada das filhas, de oito e nove anos. “Fui convidada para vir e consegui desta vez, porque minhas filhas estão de férias. E está sendo muito legal participar desse encontro e conhecer pessoas. Ultimamente tenho ficado só em casa, praticamente o tempo todo na cama. Porque, além do câncer, várias outras doenças surgiram, como o diabetes, pressão alta e anemia severa. Também tive uma alergia muito forte a um medicamento e fui parar na UTI. Mas meu esforço para superar é muito grande, principalmente pelas minhas filhas, que são tudo pra mim. Em casa, quase não consigo fazer nada. É meu marido que ajuda, e até as crianças, com pequenas coisas, lavando a louça, quando podem. Hoje é um dia especial. Para me distrair, ver pessoas e me cuidar um pouco”, disse Silnete.
Quem também esteve presente, pela primeira vez, foi Carula Camargo. “Sou enfermeira, trabalho com saúde estética e tento ajudar outras mulheres. Mas também passei por esse processo. Vim aqui para contar minha história, compartilhar minha experiência e também saber delas. Porque todas transmitem uma energia diferenciada, muito forte. Esse encontro está sendo muito bom, quando elas podem ser cuidadas, acolhidas, é isso que esse projeto faz. Eu me sinto inspirada por essas mulheres. Muitas vezes, a gente se encontra na solidão, acaba se afastando das outras pessoas, fica deprimida. Mas o outro pode estar passando por algo parecido. Então, pode ter certeza de que este projeto é um resgate! Aguça a nossa vontade de procurar a cura. E a cura depende do contato com o outro”, ela relata.
Outro aspecto importante e valorizado nesses encontros é que o apoio, muitas vezes, pode e deve começar dentro de casa, com a própria família. Foi isso que revelou Severina Pereira Anajose da Silveira, que veio ao Chá das Rosas com suas duas filhas. “Primeiro, uma das minhas filhas recebeu o diagnóstico de câncer. Passados dois meses, minha outra filha, mais velha, também. É um problema genético. Mas agora elas já passaram por cirurgia e estão se tratando. Estamos juntas! Porque a família é o que conta e elas são tudo pra mim. Tenho mais duas filhas e um casal de netos. Minha filha Priscila foi convidada e nós viemos também, minha outra filha e eu. Entendo que cada um tem uma luta diferente, mas nós somos o suporte uma das outras”, resume Severina.
Entre as novatas no grupo estava também Nilza Ferreira, que chegou por indicação da instituição onde ela encontra suporte para o tratamento. “Estou achando tudo muito legal aqui. É uma atividade diferente e é o que precisamos ter na vida da gente: amor e atenção. Hoje está fazendo dois anos que estou em tratamento. Aqui vemos que não estamos sozinhas. Todas se esforçam para ter uma vida melhor e eu tenho muita gente para cuidar ainda, na minha família. Tenho uma irmã que também está doente. Não com a mesma doença, mas passa quase todo o tempo acamada. Então, sou eu que procuro, vou visitá-la. Mas nós damos muita força uma para a outra.”
Marli Antônio da Silva passou pela massagem facial e aguardava sua vez na maquiagem quando veio contar um pouco sobre sua história de superações. “Já tive três tipos de câncer. E participo muito da Liga de Combate ao Câncer. Este evento aqui, o Chá das Rosas, para mim foi um achado. A gente se conecta com essa energia que passa de uma para a outra. É nossa inspiração. Um pouquinho que a gente fale, pode ser grandioso para quem está ouvindo. A palestra também foi sensacional, emocionante, porque a gente sente que as palavras vêm do coração. Nesse momento de vulnerabilidade em que as pacientes oncológicas se encontram, muito sensíveis, o resgate da mulher é uma prioridade. E nos faz ver que amanhã é outro dia; e vida que segue”, disse Marli, que também é empreendedora, criando e comercializando bolsa de crochê. “Eu estava no fundo do poço, e me reergui. Por isso quero passar essa experiência para outras pessoas também”, concluiu.
As participantes também foram convidadas, pela organização da Semul, a escrever de próprio punho uma cartinha, que será depois encaminhada para as instituições envolvidas com a causa, comprometendo-se a entregá-las a novas pacientes. A ideia é que elas ofereçam uma mensagem como a que elas gostariam de ter no momento em que receberam o diagnóstico. A cartinha é uma forma de oferecer encorajamento e carinho para outras mulheres.