Iniciativa já formou quase mil alunos e conta, atualmente, com mais de 2.500 matriculados
A carência de formação técnica e profissional continua sendo uma das principais barreiras à inclusão efetiva das pessoas no mercado de trabalho. Diante desse cenário, o Programa Autonomia e Renda Petrobras surge como uma resposta concreta para ampliar oportunidades e alcançar quem mais precisa. Com 93 turmas ofertadas em parceria com Institutos Federais, a iniciativa promovida pela Petrobras já formou quase mil alunos em diversos campi e conta, atualmente, com mais de 2.500 matriculados. No Instituto Federal de São Paulo (IFSP), desde o início das turmas, em setembro de 2024, já foram formados 124 alunos.
São Paulo foi o primeiro estado a dar início às atividades do Programa. Nos Campi Cubatão e São José dos Campos do IFSP, já foram ofertadas quatro turmas do curso de Formação Inicial e Continuada (FIC) de Auxiliar de Serviços Diversos e uma de Técnico em Mecânica (em andamento). Até o fim de 2025, serão realizadas mais três turmas do curso de Auxiliar de Serviços Diversos e uma de Pintor Industrial, totalizando mais 140 vagas.
Inclusão e diversidade
Em seu primeiro ano, os parceiros também celebram a inclusão e a representatividade promovidas. Os números contam uma história de resistência e esperança. No IFSP, cerca de 88% são mulheres, muitas delas chefes de família; dessas, 29% têm entre 18 e 29 anos, em busca do primeiro emprego; 62% estão na faixa dos 30 a 49 anos, tentando se recolocar no mercado de trabalho; 53% são mães de crianças menores de 12 anos, que recebem uma bolsa de R$ 858,00 para não abandonarem os estudos.
A desigualdade social aparece nas estatísticas. Mais da metade dos alunos vive com menos de meio salário mínimo per capita; outros 41% sobrevivem com até um salário mínimo. Outro dado preocupante é o nível de desemprego, já que 76% estão desempregados.
Mas essa triste realidade vai aos poucos se modificando. Kelene Barros Ferreira foi aluna da primeira turma do curso de Auxiliar de Serviços Diversos, ministrada no Campus São José dos Campos do IFSP, e viu no Programa uma chance real de mudança. A egressa conta que ficou muitos anos fora do mercado de trabalho. “Eu fiquei anos sem trabalhar, pois precisava cuidar das minhas filhas. Quando elas cresceram um pouco, eu não conseguia emprego fixo. Só tive um registro em carteira em 2022. Mas agora estou empregada, registrada, então só tenho a agradecer ao Programa”, finaliza. Kelene trabalha, atualmente, no restaurante da Refinaria Henrique Lage (Revap).
A diversidade étnica é uma característica marcante do Autonomia e Renda: 72% dos alunos formados se autodeclaram pretos ou pardos, evidenciando que o Programa está alcançando seu público prioritário.
Histórias que inspiram
Além de desenvolver novas habilidades, os participantes relatam mudanças significativas em suas trajetórias pessoais. Misleine Lima da Silva é um dos exemplos de como a educação pode transformar vidas. Ex-aluna da primeira turma do curso de Auxiliar de Serviços Diversos, oferecido pelo Campus Cubatão do IFSP no âmbito do Programa Autonomia e Renda Petrobras, Misleine atualmente trabalha como auxiliar de serviços gerais na Normatel, empresa prestadora de serviço da Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão.
Aos 30 anos, ela conquistou seu primeiro emprego com carteira assinada, uma realização marcada por persistência e superação. “Nunca tinha conseguido um trabalho formal, só vivia de bicos. Quando completei 30 anos, em janeiro, me perguntei: ‘Como cheguei até aqui sem nunca ter tido um emprego registrado?’. Isso me deixava muito frustrada”, relembra. Tudo mudou quando foi contratada: “Quando fui chamada para essa oportunidade, parecia um sonho. Fiz os exames, li toda a documentação, ainda sem acreditar. Mesmo depois de começar, vestir o uniforme e entrar na empresa, a ficha demorou a cair. Eu simplesmente não acreditava que estava acontecendo”, conta emocionada.
Para Misleine, o curso foi essencial não apenas para sua inserção no mercado de trabalho, mas também para a realização de um sonho antigo: trabalhar dentro da refinaria. “Sempre trabalhei em padarias e restaurantes, mas meu maior sonho era entrar para a indústria. Sempre que passava em frente à refinaria, achava aquele lugar incrível. Hoje, graças ao curso, eu consegui. E meu objetivo agora é crescer profissionalmente ali dentro”, afirma.
Ela ainda recorda com carinho uma das etapas do curso. “Fizemos uma visita técnica de ônibus pelas instalações da refinaria e achei tudo tão limpinho, tão organizado. Hoje, sou eu quem cuido para que tudo continue assim. Isso é mágico para mim”, finaliza.
O Autonomia e Renda demonstra, na prática, como a formação pode transformar realidades em contextos de desigualdade. Com resultados expressivos, o Autonomia e Renda Petrobras já provou seu impacto. O desafio é seguir apoiando alunos e egressos em suas jornadas. “Os resultados alcançados neste primeiro ano do Programa evidenciam a relevância das parcerias institucionais para ampliar o impacto das ações nos territórios atendidos. Nesse contexto, a Rede EPT, da qual os Institutos Federais fazem parte, se destaca como parceira estratégica na articulação entre trabalho e educação, contribuindo efetivamente para a transformação da realidade social”, finaliza o coordenador local do Programa no IFSP, Elmisson Santana de Lima Silva.
