O CIDADÃO RJ

Curso capacita jovens de favelas para produzir conteúdo nas redes

Jovens das periferias vão poder fazer capacitação na área de audiovisual e de influência digital, com cursos gratuitos do programa Favela Seguros Cria, que está com inscrições abertas. A expectativa dos organizadores é que chegue a 5 mil o número de participantes, que terão formação prática e orientação sobre produção de conteúdo e técnicas de comunicação aplicadas ao mercado de trabalho.

A capacitação é oferecida pela empresa Favela Seguros, uma iniciativa a partir da parceria entre a Favela Holding, um conjunto de empresas, que têm como foco central o desenvolvimento de favelas e de seus moradores, e da MAG Seguros, com apoio social da Central Única das Favelas (CUFA). O projeto busca promover inclusão financeira e social nas favelas brasileiras, democratizar o acesso a uma área em expansão e estimular a geração de renda, autonomia e protagonismo dentro das favelas.

O líder de relações institucionais da Favela Seguros, Gê Coelho, contou em entrevista à Agência Brasil que a proposta é atingir o número de 5 mil participantes.

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“A gente tem dado uma ênfase maior para Rio e São Paulo, mas não necessariamente precisam ser do Rio e de São Paulo”, contou ele, que já registrou inscrições de jovens de outras partes do Brasil, como da cidade de Fortaleza. “Uma das questões que a gente levantou é que houvesse pessoas que também fossem influenciadoras do Nordeste, para que pudesse ter uma linguagem plural. As favelas têm muitas questões peculiares da sua região, e a linguagem é uma delas. A forma como a gente se comunica no Rio não é 100% de como se comunica em São Paulo, e quando a gente vai disseminando pelo Brasil, a comunicação vai ficando muito mais regionalizada”

O líder do projeto nasceu na favela de Vigário Geral e, hoje, aos 46 anos, mora na comunidade de Dourado em Cordovil, as duas na zona norte. Gê Coelho avalia que, atualmente, dentro das favelas, a perspectiva de sonhos de jovens e crianças é atravessada pelas redes sociais, como foi durante muito tempo ser jogador de futebol e artista do funk ou do pagode.

“Tenho um filho de 6 anos que sonha ser youtuber. A gente identifica que a favela já tem na essência a questão da oralidade, das pessoas se comunicarem bem. O que a gente precisa é criar uma parte técnica, que é o objetivo deste curso. Poder prover, dentro das favelas, um corpo técnico, para garantir que essas pessoas tenham insumos e consigam botar toda a potência que elas têm para fora, porque o favelado, em si, é uma potência de criatividade, de inovação e de resistências”, pontuou.

Inscrições

As inscrições para o curso, que é online, estão abertas na internet, até a ocupação das vagas. A expectativa é que isso pode acontecer em 20 dias, no máximo. O início será após as vagas serem preenchidas.

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“O curso é direcionado a três perfis principais: jovens que buscam transformar a criatividade em carreira, pessoas em busca de independência financeira e empreendedores que desejam fortalecer seus negócios com estratégias digitais”, informaram os organizadores.

A formação completa e gratuita no universo da criação de conteúdo audiovisual vai da construção de roteiros à edição, do som à fotografia, em uma trilha dinâmica de vídeos curtos, preparada para assegurar que todos cheguem até o fim da formação.

“O curso é online, dentro da plataforma Digital Favela, e, além disso, a gente vai disponibilizar no YouTube algumas aulas com influenciadores. Eu vou ministrar uma palestra. A gente tem a Rafa Silva, que é judoca campeã olímpica, que vai fazer também uma palestra motivacional. Para além dessas aulas, dentro da própria plataforma, a gente vai deixar disponível para a pessoa acessar e ter um conteúdo extra”, afirmou Gê, acrescentando que o material no YouTube e na Digital Favela poderá ser visto até por quem não está inscrito no curso.

A expectativa de Gê Coelho é que, após o curso, as pessoas consigam garantir renda a partir de atividades que vão atender às demandas das favelas.

“A ideia é que a pessoa se profissionalize e possa ter uma renda não só extra. Conheço muitas pessoas em várias favelas do Brasil, que vivem como influencers de favela, cada um com uma narrativa. Um fala de cultura, outro de turismo. As favelas hoje movimentam uma economia de R$ 300 bilhões, e ali tem uma lojinha que precisa ser divulgada, uma padaria, uma menina trancista que precisa ser divulgada e essas pessoas podem investir nesses influencers. Dependendo do alcance que ela tiver, vai poder exercer essa função e ser monetizada por isso. A expectativa é que o cara possa ter uma alternativa de fonte de renda”, afirmou.

 

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