Os desafios da inclusão da comunidade surda em função das barreiras comunicacionais e as dificuldades da inserção desses indivíduos no mercado de trabalho foram abordados, nesta semana, em uma roda de conversa inclusiva, que ocorreu dentro da programação do Giro Cultural desta semana. A ação, da Secretaria Municipal de Cultura, contou com a participação da Coordenação Geral de Políticas para Pessoa com Deficiência, da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Direitos Humanos, Acessibilidade e Economia Solidária.
Com o tema “A importância da visibilidade e inclusão de pessoas surdas”, o bate papo aconteceu no Shopping Plaza Macaé, como uma das ações do município em encontro aconteceu em alusão ao Dia Internacional do Surdo e ao Dia Internacional do Tradutor e Intérprete de Libras, ambos comemorados no dia 30 de setembro.
A participação das pessoas com deficiência no contexto cultural não é apenas uma questão de inclusão, é um enriquecimento fundamental para a sociedade, segundo afirma Waleska Freire, secretária de Cultura de Macaé. Junto ao coordenador do Núcleo de Educação de Surdos, professor, tradutor e intérprete de Libras Wellington Marques, Freire também esteve presente ao evento.
“Quando garantimos que todas as vozes, perspectivas e formas de expressão sejam ouvidas e vistas, seja na música, no teatro, nas artes visuais ou na literatura, a cultura da nossa cidade se torna mais rica, diversa e verdadeiramente representativa”, acredita Waleska.
Coordenadora-geral de Políticas para Pessoa com Deficiência de Macaé, Caroline Mizurine explica que a intenção do setor é fazer a integração da comunidade de pessoas com deficiência nos ambientes regulares, não só de ensino, mas nos outros segmentos também.
“Foi uma experiência muito significativa para integração entre surdos e ouvintes. Ali falamos sobre os desafios da inclusão da comunidade surda em função das barreiras comunicacionais e as dificuldades da inserção desses indivíduos no mercado de trabalho. Também falamos sobre as particularidades da educação. É muito comum haver uma luta em prol da educação inclusiva, só que a gente precisa envolver toda a sociedade. A participação dos surdos nesse ambiente cultural é muito importante, até mesmo para a questão da visibilidade e promoção de políticas públicas considerando a participação deles”, observa Mizurine.
Representante do Conselho Municipal de Políticas Culturais de Macaé, Conceição de Maria Pereira Alves Rosa, também participou do encontro e pontuou que a inclusão de pessoas com deficiência é um direito e deve ser respeitado.
“A participação dos surdos no encontro demonstra quebra de barreiras e garante uma sensibilidade cultural. Hoje, se a gente adapta também os eventos culturais com audiodescrição, com libras, como uma comunicação clara, isso mostra que evoluímos de um cenário de exclusão para o reconhecimento desses cidadãos e cidadãs. Que continuemos mostrando os PCD ‘s para a sociedade para garantir que eles possam estar juntos conosco em todas as atividades de cultura, seja exposição, arte, livros, teatro, cinema e tantas outras mais”, defende Conceição.
Participação nas artes
Formado no curso de Técnico de Teatro pela Escola Municipal de Artes Maria José Guedes (EMART), o jovem Manoel Pedro da Silva Jullian mostra que não há limites para a realização de um sonho, mesmo com alguma deficiência como a sua: surdez. Participante da roda de conversa, Manoel foi o protagonista do curta-metragem Escuta Ativa, que foi exibido no Seminário de Educação Inclusiva, no dia 25 de setembro, na Cidade Universitária.
O filme retrata a relação entre uma pessoa com problemas de saúde mental (ansiedade e síndrome do pânico) e uma pessoa com deficiência auditiva, mostrando as dificuldades enfrentadas por ambos e a importância da comunicação como meio eficiente na resolução de conflitos e no desenvolvimento humano.
“É importante para a comunidade surda falar suas dificuldades e suas experiências, como por exemplo, como é ser surdo. Além disso, ocasiões como essa mantém a nossa comunidade fortalecida e unida. O encontro significou muito para nós. O apoio de todos é importante”, afirma o jovem, que também cursou Produção Cultural na UFF de Rio das Ostras.